As coisas são curiosas. Quando eu estudava e via notícias de rebeliões e via os juízes indo até o local e negociando com os presos sempre imaginava a sua coragem e que não teriam medo disso.
Eu não poderia estar mais enganado...
Era uma quarta feira e eu estava me preparando para ir almoçar quando a telefonista me disse: Dr., o delegado ligou e pediu para o sr. ir até a delegacia com urgência e olha, parece que a coisa está feia pois estou vendo fumaça daqui.
Em cidades do interior, normalmente há o famoso quadrilátero: Prefeitura, Fórum, Delegacia, e nesta não era diferente.
Saí do fórum, e caminhei em direção à delegacia. Podia ver a fumaça e quando lá cheguei vi a população na frente da delegacia. Eles me olharam e a multidão abriu passagem (me senti meio Moisés no mar vermelho).
Entrei na delegacia e passei pelo corredor que levava à carceragem.
Lá chegando devo dizer que me senti no inferno: fogo, fumaça, gritaria e o delegado atirando nos presos com balas de borracha. A primeira coisa que pensei foi: eu quero a minha mãe.
Sério, comecei a morrer de medo e minha perna tremia.
Lentamente fui voltando à realidade pois os presos notaram minha presença no local. E começaram a gritar: o juiz, o juiz, o juiz...
Então, olhei para eles, para o delegado e pensei: fodeu! Preciso dizer algo.
Acendi um cigarro lentamente (para fingir que aquilo era normal) e disse para os presos: que porra é essa aqui?
Eles ficaram mudos e um deles que se intitulava chefe veio falar comigo. Curioso? Na próxima coluna eu digo o resultado da conversa.
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