Nunca antes na história deste
país, eu, um ser que matava todas aulas às sextas feiras, saía mais cedo toda
quarta pra ver jogo de futebol, que colei em muitíssimas provas, passei cola em
tantas outras e sacaneei um bocado os meus ilustres professores, havia me
imaginando dando aulas em uma faculdade de direito.
Porém, contudo, entretanto, de
um tempinho pra cá essa ideia vem tomando corpo, vem sendo trabalhada e
aperfeiçoada em minha careca e genial cabeça, mas aí começaram a surgir os
problemas.
O primeiro deles é que apesar
de possuir 2 pós graduações na área tributária, ainda não me considero nenhum
pouco preparado para dar aulas em uma faculdade, até porque nunca fiz isso, e
apesar de ter estudado por tanto tempo e ter visto brilhantes professores, não
sei como começar uma aula.
Ademais, como a exigência
agora é maior para professores universitários, fui atrás de cursos de mestrado
para que pudesse saber com propriedade de tudo aquilo que for explicar, porque
pra dar aula o conhecimento prático até ajuda, mas não resolve, porque na
faculdade o que se aprende é basicamente a teoria, e a teoria eu pouco sei.
Só que aí é que mora o
perigo, o problema ou o maior desmotivador para a minha incursão nas faculdades
de direito brasileiras como professor é O PREÇO DO MESTRADO.
Gente “ceis sabia” que um
mestrado mequetrefe por aí não custa menos de 1500 dinheiros por mês? Se for
fazer um mestrado daqueles top fudidões mesmo, pode colocar pelo menos mais mil
reais na conta.
Aí eu já me peguei pensando:
vale a pena gastar tanta grana assim pra ser professor universitário? Porque
né... Pra ser advogado é tão mais barato, a gente se forma, paga duzentão pra
passar na OAB, depois paga mais uns oitocentos paus por ano e pronto, já pode
advogar e nem precisa de escritório, porque aquele teu cunhado vai pedir pra
fazer a reclamação trabalhista dele, a vizinha vai querer processar a outra que
envenenou o cachorro dela e assim por diante.
E com isso, é fácil concluir
que advogar é mais barato que lecionar e se você não quiser ficar rico, mas
apenas pagar as contas, nem precisa estudar muito, é só ir pegando um casinho
aqui e outro ali e bola pra frente.
Já para ser professor você
vai precisar de atualização constante, vai ter que se dedicar pra caramba mesmo
que seja um professor ruim, porque tem aulas pra preparar, provas pra corrigir
e coisas do tipo.
Além disso, tem outro grave
problema, e ele é simples, pois o fato de você (ou eu) concluir um mestrado não
é garantia de emprego, logo, a gente pode ficar com um mestrado, uma conta de 2
mil por mês pra pagar e DESEMPREGADO, e nem me venha falar que o mestrado vai
ser útil na vida advocatícia, porque hipocrisia à parte, a gente não precisa de
mestrado pra advogar, a gente consegue se dar bem sem isso e uma pós graduação
aqui e um MBA ali já te dão uma base muito boa pra advogar com considerável
qualidade.
Com isso, eu concluo no mais
puro estilo Sócrates, que tudo que
sei, é que nada sei, e depois te tanto pensar, eu ainda não consegui
decidir se fico só na advocacia ou parto para a docência.
E como estamos cultos, falando
de mestrado, Sócrates e etc. terminarei o texto com uma adaptação da célebre
frase de Shakespeare: Advogar ou lecionar, eis a questão!