Nos capítulos anteriores:
Marissol Frida é uma estudante de Direito, patricinha, rica, que tem recebido
mensagens ameaçadoras de um número desconhecido. Ao investigar o suposto (a)
autor (a) descobre que o número de celular foi cadastrado com o CPF de um
defunto.
Hellooo
estudantes do curso mais style da galáxia!
Resolvi
a prova de Processo Civil igual a cara da Cristina, aquela lambisgóia. Nada se
encaixava... A data de cadastro do número de celular era posterior à morte da
tal Jacinta, e minha cabeça estava a
mil pensamentos por minuto. Percebi que alguns dos meus colegas me olhavam e eu
não entendia nada. Comecei a criar teorias da conspiração que agora, com a
cabeça no lugar, parecem absurdas. Estaria minha turma, fazendo uma pegadinha
para me assustar? Ou eles sabiam o que estava acontecendo, e me olhavam
piedosamente sabendo que meus dias estariam realmente contados? Estou
participando de algum daqueles quadros de pegadinha da televisão?
Foi
no meio das minhas viagens de teoria da conspiração que dei me conta de que a
pessoa não quer mesmo ser identificada. Foi esperta em utilizar o número de CPF
de alguém já falecido (mas nada esperto se tratando de um estudante de direito
e sabendo – ou pelo menos devendo ter conhecimento – de que isso configura
crime segundo os artigos 307 e 308 do
nosso Código Penal). Pesquisei sobre a Jacinta,
dona do número de CPF, e descobri que não tinha nem um vínculo familiar com
alguém da minha turma. Poderia ser uma amiga, conhecida. Isso seria mais
difícil de descobrir... Resolvi me aprofundar mais na vida dos meus colegas (o
que não é nada difícil com todas as redes sociais disponíveis) e dessa forma,
prosseguir minha investigação fazendo uma lista com os principais suspeitos (aceito
ajuda caros leitores).
Comecei
minha pesquisa pela Brenda, uma
ariana que gosta de discutir (literalmente) com os professores e com os outros
colegas. Quando a vi pela primeira vez fui enganada pela cara de menina
inocente, quietinha, e santa. Ela é um dos meus maiores suspeitos, porque é o
tipo de mulher que você nunca sabe do que é capaz e sempre te surpreende.
Percebi isso quando fomos ao bar juntas e, depois de duas torres de 3 litros de
chopp, me confidenciou seus inúmeros casos amorosos e o desfecho deles (ela é
uma mistura de Maysa Matarazzo com Marilyn Monroe.).
Anelise é a
melhor amiga da Brenda. Gosta de sushi, cerveja, canastra e narguile. É
independente, inteligente, e linda. O único defeito: ela é de gêmeos. O
ascendente em peixes que a salva. Não consigo crer que ela poderia fazer algum
mal a mim. Aliás, não consigo vê-la fazendo mal a ninguém. Ela é tão pacífica
que deveria se converter, virar budista e viver nos montes admirando as
borboletas e orando por um mundo melhor. Não faço ideia do que ela faz no curso
de Direito. Imagino que a mãe dela deva ter a obrigado (como eu). O problema é
que, dizem as más línguas, ela já foi internada durante um ano por ser usuária
de drogas depois que respondeu a um processo como co-autora em um caso de
homicídio (vingança de dívida por drogas) e foi absolvida.
O
Luiz só quer saber dos jogos do
Palmeiras, carros, motos e BBB. Nada contra, adoro futebol, carros, e motos.
Mas ele chega atrasado, sai mais cedo, atende o celular no meio da aula, faz
piadas ridículas e sem graça, e fica puxando o saco dos professores. Um pé
rapado da pior espécie. Já foi preso por dirigir (muito) bêbado e causar um
acidente (que felizmente só teve danos materiais). Porém, continua bebendo
incontrolavelmente. Ele finge que eu não existo porque a namorada psicopata
ciumenta o obrigou a me excluir das redes sociais depois que eu curti uma foto
dele (COM ela).
Wilson é
pisciano e um belo cafajeste. Nunca perguntei a hora que ele nasceu, mas ele
deve ter um ascendente em gêmeos ou sagitário, porque adora brincar com os
corações alheios. É o tipo de cara popular que trabalha de DJ e participa de
todos os grupos de whatsapp. Já ficou com quatro professoras (inclusive com a
minha diva) e pelo menos 80% das mulheres do curso de Direito (só do Direito,
não estou citando os outros cursos – e só citei as mulheres, mas tenho minhas
dúvidas com homens muito patifes e mulherengos). Uma amiga (das várias) que já
ficou com ele me contou que ele foi diagnosticado com bipolaridade grave e faz
tratamento com remédios faixas preta e psicóloga. Ele me odeia, e faz questão
de deixar isso claro. Por quê? Não dou moral pra esse tipinho.
Blaiti
(nome esquisito, eu sei) é sentimental, chorona, sensível, e frágil. Ela parece
ser forte quando sobe no palco e começa a cantar soltando a voz de Janis Joplin,
mas cinco minutos com ela bastam pra perceber que ela é uma canceriana típica.
Chorou quando o professor de penal contou um caso de estupro de vulnerável,
chorou quando o professor de processo penal contou da condenação de um possível
inocente, e chorou quando soube que um homem ficou preso quatro meses pelo
furto de 5 galinhas e foi pego fazendo um risoto com a Giserda (a preferida do
dono). Todavia mudei completamente meu conceito em relação a ela quando a
flagrei no banheiro ameaçando a ex namorada pelo telefone de esquartejá-la e
jogar no rio (e o pior é que ela percebeu que eu ouvi.).
Pedro Henrique é o
maromba, bombadão, fitness, que leva batata doce cozida em um pote pra comer na
pausa. Chega escutando Bonde da Stronda e é fã do Sylvester Stallone. É quieto,
filho adotivo de pais problemáticos que se separaram quando ele tinha 9 anos
(quando ele viu a mãe ser esfaqueada na sua frente e quase morrer.). Atualmente
mora sozinho e trabalha em uma loja de suplementos. É o esquisito da turma. Possui
muitas cicatrizes e vive aparecendo com novas escoriações (alô Medicina
Legal!).
Eu
sei que é um deles. Mas quem? (continua no próximo post.).