Diário de um Estagiário – “Mocinho ou Bandido”?

Com essa singela homenagem aos apreciadores de Caio Fernando de Abreu e Clarice Lispector, começamos mais um Diário de um Estagiário!

Como aquela professora gordinha da pré-escola ensinou: “ninguém é igual”, e com a personalidade a coisa não é diferente.

Nos escritórios e fóruns da vida, tal como a fauna brasileira, é possível encontrar os mais variados tipos de estagiários.

Sempre tem o tímido, calmo e compreensivo, mas também aquele mais extrovertido, impaciente e irritado.

O primeiro grupo normalmente passa meio “apagado”, pois quase nunca são os causadores de escândalos e confusões.

Já os do segundo grupo normalmente acabam com a fama de “metidos causadores de intrigas”.

Como estagiários de direito, acredito que a maioria de nós acaba levando a fama do 2º grupo, pois como operadores do direito acabamos tendo um elevado raciocínio crítico e, consequentemente, um temperamento difícil.

Sempre fui desses que tinha várias reclamações (não aturo advogado mala), sendo que pelo menos uma vez por mês o chefe do cartório imprimia alguns email’s recebidos e me dava uma dezena de chibatadas leve bronca, todos com os títulos similares a estes: “Estagiário Christian mal educado”, “Mal atendimento do estagiário Christian”, “ Estagiário folgado”.

É claro que eu ainda era calmo perto de alguns amigos, que pegavam um pouco pesado: Mandavam os advogados estudarem, expulsava atrasados da audiência e proclamavam “preclusão” ao menos cinco vezes ao dia.

Enfim, não importa se você faz o tipo mais calmo ou mais irritado, se você quer ser o “bandido”, preocupe-se primeiramente em estar com a razão.

E lembrem-se: Em um mundo onde o "Faça aos outros antes que os outros façam a você" é mais comum que o “Não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você", um pouco de compreensão não mata ninguém!

Como Hollywood já nos ensinou, nem sempre o “bandido” se dá bem no final.