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terça-feira, abril 16, 2013

Diário de um Eme Eme - O onze de setembro

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clip_image001Todos se lembram do que estavam fazendo no dia 11.09.2001 e com o Tio Madeira não podia deixar de ser diferente.

Naquela época eu estava em uma comarca muito, mas muito pesada. Nela tramitavam algo em torno de 15.000 processos. Sim, era muita, mas muita coisa mesmo, tanto que seguramente foi o local em que mais trabalhei em minha vida.

Para vocês terem uma ideia da quantidade de trabalho, em dois anos naquela localidade em fiz algo em torno de 7000 audiências.

Como o lugar era muito trabalhoso, eu decidi inverter a pauta e marquei as audiências para o período da manhã. Assim, chegava no fórum as sete, despachava até as nove e fazia audiências das 9:00 às 13:00. O período da tarde era reservado para as sentenças ou eventuais processos de réu preso que não coubessem na pauta normal da manhã.

Naquele dia onze de setembro eu terminei de despachar as 8:30 da manhã e fui para meu gabinete, afinal de contas tinha um processo complicado de instrução criminal para fazer.

Era um processo ainda da primeira fase do júri, mas eu sabia que a audiência seria demorada. Tanto o promotor quanto o advogado eram muito bons e certamente haveria muitas perguntas, sem contar que o caso tinha tido grande repercussão na cidade.

Pouco antes de iniciar a audiência, vi na internet que um avião tinha “caído” em Nova York. Não deu tempo de ler mais e fui para a audiência.

Iniciei perguntando aos advogados e ao promotor se sabiam de algo do “acidente”. Todos disseram que ouviram falar qualquer coisa sobre isso mas que não sabiam de nada relevante.

A audiência durou até mais ou menos 12:30 sem paradas. Ouvimos todos e encerrei a instrução com prazo para memoriais escritos.

Virei para o promotor e para o advogado e perguntei se queriam almoçar, apenas o promotor quis e fomos para o restaurante logo na frente do Fórum.

Quando entramos, a TV estava passando a imagem dos dois aviões se chocando contra as torres e eu e o promotor ficamos estarrecidos e parados na entrada do restaurante. Nossa cara de espanto era tamanha, pois era como se o mundo tivesse acabado durante a audiência que fazíamos.

Hoje, quando repenso aquela situação, vejo que muitas vezes nos dedicamos demais à vida profissional e deixamos passar importantes coisas que não poderíamos deixar de dar atenção. A vida, a vida é muito maior do que sua profissão, e se você se define pelo que você faz, eu lamento meu caro padawan, mas você já perdeu.

OBS – E você, o que fazia no 11 de setembro?

GuilhermeMadeira_thumb[2]

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