O advogado paranaense Rinaldo Teso, de 51 anos, se deparou no início do ano com o pior dilema que um advogado pode imaginar: atrasar as parcelas da OAB e perder o direito de trabalhar ou pagar as mensalidades e deixar que seu carro fosse penhorado.
No pequeno apartamento alugado da família, Rinaldo se emocionou ao contar a história à BBC.
"Eu não sei por que cheguei nessa situação", disse ele, com lágrimas no rosto, mas quando vi, tinha inúmeras contas e pouco dinheiro. Cheguei até fazer diligências por vinte reais para tentar escapar desta crise financeira”.
No final, não foi ele quem tomou a decisão. Seu filho mais velho, Thiago Teso, de 26 anos, disse que havia lido que na China era permitida a comercialização de órgãos humanos.
"Eu quis vender o rim para que pudesse quitar algumas dívidas que fui adquirindo com o tempo.”
Antigamente a China aproveitava órgãos de prisioneiros mortos para atender a demanda da população, mas com o aumento da população chinesa a única alternativa foi permitir o comércio de órgãos.
O país montou um banco nacional de órgãos que, em tese, deveria distribuir órgãos para aqueles que são mais compatíveis e precisam mais.
Meu rim não estava mais lá'
O governo da China diz que mais de 12 mil transplantes serão realizados neste ano – um número maior do que o da época em que órgãos de prisioneiros eram utilizados.
Mesmo assim, com estimadas 300 mil pessoas na fila da doação, a demanda fez surgir um bem-sucedido mercado negro.
Assim, o advogado comprou uma passagem parcelada em 25 meses e partiu para a China, no intuito de vender o seu rim ou o fígado, uma vez que nunca foi consumidor de bebidas alcoólicas.
Levantando sua camiseta, ele mostra a cicatriz da operação.
O advogado diz que vendeu um rim por cerca de 12 mil libras – aproximadamente R$ 66 mil – para pagar dívidas que havia contraído, dentre elas cinco anos de anuidades da Ordem dos Advogados do Brasil.
"No início fui levado para um hospital, onde tiraram amostras de sangue e fizeram exames", diz.
Fazendas-hospital
"Depois esperei em um hotel por várias semanas até que os traficantes de órgãos acharam uma pessoa compatível."
"Então, um dia, um carro veio me buscar. O motorista disse para eu colocar uma venda nas olhos. Dirigimos por cerca de meia hora por uma rua esburacada."
"Quando tirei a venda percebi que estava em uma fazenda. Dentro havia toda uma estrutura de hospital montada. Médicos e enfermeiras usavam uniformes."
"A mulher que recebeu o órgão também estava lá com sua família. Não nos falamos.
"Tive muito medo, mas os médicos me deram anestesia e eu apaguei. Acordei em uma outra fazenda. Meu rim não estava mais lá."
"A compradora queria vida e eu, dinheiro", afirma.
O relato não pode ser confirmado pela BBC de forma independente.
Fonte: Embuste News
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