Estamos muito apáticos e as
condutas anormais de corrupção, incapacidade, postergação, ignorância só servem
de desculpas para continuarmos inertes; esse tipo de situação sempre existiu
(afinal, “nada do que é humano me é estranho” – Terêncio),
mas de uns tempos para cá perdemos o impulso juvenil, quase inocente, de
revolta e insatisfação, existem movimentos por causas específicas, mas
isolados, na maioria das vezes totalmente virtual e é justamente nesse ponto que
mora o perigo: aquilo que facilita também nos afasta. Vejo poucas pessoas
empolgadas em fazer parte de grupo de discussões ou empenhadas em analisar
candidatos antes de darem seus votos na “vida real”; adoro a internet, é o meu
meio mais utilizado para qualquer forma de contato e pesquisas, mas percebo que ela também vira um escudo, as
opiniões e “atuações” através dela são bem mais fáceis e virtuosas, e na vida
real que é bom, nada!
Há tempos nos deixamos levar com
idéias utópicas de que “alguém vai ajudar a acabar com a corrupção”, “alguém
deve ajudar a acabar com a fome no mundo”, “já pago os impostos falta os
governantes tomarem atitudes” e esquecemos que esses “alguéns” muitas vezes
somos nós, mas por acomodação deixamos a oportunidade passar e colocamos a
batata quente nas mãos de outra pessoa... Para o tema ficar mais “jurídico” temos
os exemplos de coragem virtual que foram dados aos montes depois do VI exame da
ordem (ou seria prova máxima da incapacidade de avaliação que um juntado de
seres podem chegar?), depois que foi comprovado que a banca responsável por
analisar os recursos encheu de respostas padrão ou deu respostas iguais ao
espelho (o que significa que de nada adiantou, para a maioria, entrar com o
recurso) era um tal de “vamo quebra tudo!”, “nossa, é uma vergonha, isso tem
que acabar”, mas na hora que foi perguntado “quem vai entrar com mandado de
segurança para reverter isso?” foi um tal de “ain, tenho medo de só perder
tempo”, “ah, não vou me incomodar com isso.”, “alguém vai entrar, eu prefiro
fazer outro exame mesmo”... Foi quase
uma conversa bipolar se parar para analisar. Isso foi só um exemplo de que a evolução parece está ligada
somente a maior quantidade de aquisições através do menor esforço possível,
questões sobre aprendizado, justiça, igualdade, empatia, direitos ou obrigações
já não mais têm importância.
Estamos preocupados com o conforto
e não mais com a vida como um todo, consternados em nos poupar ou por não
sabermos lidar com frustrações, esquecemos que viver é desconfortável e na
maioria das vezes cruel, mas ainda sim é só através dos ônus e bônus que
estaremos de fato usufruindo de tudo que existe nela... E isso sim é que vale a pena.
0 comentários:
Postar um comentário