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segunda-feira, maio 13, 2013

Rebelião na Cadeia – Parte 2

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clip_image001No último episódio, rs, eu falava sobre a rebelião na cadeia. Que entrei na carceragem e fingindo ser o senhor da situação elevei a voz e perguntei: “Que porra é essa aqui?”.

Fez-se um silêncio ensurdecedor e os presos vieram para perto da grade onde eu estava. Disseram que queriam negociar somente comigo. O delegado era contra dado o risco de que eu me ferisse.

Nisso, chegou a tropa de choque da cidade vizinha e pediam para eu sair. Eu disse que ficaria conversando com os presos, que o delegado sairia e veria tudo pela câmera (nunca façam isso amigos, foi realmente imprudente).

Quando o delegado saiu, apareceu um sujeito, de cerca de 1,50 m e disse que era o líder. Eu visitava a cadeia todo mês e nunca tinha visto o sujeito.

Virei para o preso mais velho e perguntei: Naíca, para mim o líder é sempre o mais velho. Você vai deixar? E ele: Dr., o rapaz é do partido... Partido é como o PCC é conhecido no meio acadêmico policial.

Pois eu disse, aqui não tem partido nenhum. Vou conversar com cada um dos presos separadamente.

Mas antes eu quero que coloquem o refém em segurança e sem nenhum esculacho. Os presos me disseram, mas ele estuprou uma garotinha, ao que eu disse: eu não julguei ele ainda, quem decidirá isso sou eu na sentença.

E então começaram as conversas. Posso dizer que todas as reivindicações eram ou absurdas ou coisas que eu já tinha feito por eles. Na verdade, depois entendi, havia uma ordem do partido para causar o maior tumulto possível nas cadeias naquela época (três ou quatro já tinham tido rebelião nos dias anteriores na região).

Quando terminamos a conversa o “líder” disse que queria que todos os presos fizessem exame de corpo de delito.

Vejam a minha situação... É óbvio que a preocupação dele era legítima. Era uma garantia de que não haveria qualquer tipo de lesão posteriormente contra eles, mas onde eu acharia um médico?

Então lembrei-me daquele ditado: amizade só gera duas coisas, constrangimento ou filhos e lembrei-me do Betão. Meu amigo de infância, pós doutor em medicina nos EUA e que estava passando férias em Bebedouro, cidade ao lado de onde eu estava.

Liguei para ele, falei para ele ligar a TV e ver o que estava acontecendo e disse que precisava dele. Ele foi e fez exame de corpo de delito em cada um dos presos.

Realmente, a intervenção dele foi fundamental para terminar tudo bem.

Naquela noite fomos para a minha casa e enchemos a cara. Eu não conseguia dormir tamanha a adrenalina. Só fui dormir na noite do dia seguinte.

Se existe o inferno, ele é o presídio.

GuilhermeMadeira_thumb[2]

PS – Dada a minha dificuldade natural, nossos editores aceitaram que minha coluna passe a ser quinzenal. Nos vemos em quinze dias

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