Em tempos de internet, sites, blogs, twitter e facebook, o
que aconteceu semana passada já não é mais novidade hoje, pois as informações
se propagam com muita rapidez, e como novos acontecimentos “acontecem” a todo
instante, a polêmica de ontem, não é a polêmica de hoje.
Contudo, apesar de ser uma notícia “velha”, a gente vai
falar da polêmica do início da semana, em que uma jornalista falou em seu
facebook que as médicas cubanas tinham umas caras esquisitas e que pareciam
mais empregadas domésticas do que médicas.
Pois bem, cada um fala o que bem entender, desde que
esteja disposto a arcar com as devidas consequências, porém, apesar da
jornalista ter feito uma comparação infeliz e carregada de preconceitos, uma
coisa não há como negar e é possível extrair algumas verdades da fala da
moçoila.
Atualmente não basta ser competente, é preciso parecer.
Muito embora sempre tenha defendido um mundo jurídico mais “malemolente”,
despojado e maroto, também aprendi que se você comparecer a uma reunião importante
trajando uma camisa pólo e uma calça jeans, as suas chances de sucesso serão
pequenas.
Porque o mundo pinta o estereótipo do advogado como se
fosse um cara sério, daqueles típicos elementos criados pela avó à base do
leite com pêra, ou seja, todos imaginam o advogado como um cara com a barba
feita, o cabelo penteado certinho e dividido ao meio, um terno bonitinho e a
gravata combinando com a camisa. Qualquer coisa fora dessa realidade vai
colocar a sua competência em xeque.
Não precisa nem ser um advogado mulambento, daqueles que
andam com camisa do Bob Marley pra te acharem incompetente, basta que você não
esteja nos padrões “terno, grava e pasta de couro” para que desconfiem da sua
capacidade, tudo porque existe a tal ditadura coxinha que te obriga a não
apenas ser competente, mas também parecer.
Esse entendimento que coloca em lados opostos e cria uma
briga entre “aparência X capacidade” começou a ganhar força graças a esses
bando de coxinhas analistas de RH que fazem aqueles estudos sem sentido, e
avaliam uma pessoa até pelo jeito dela se sentar. Esses “analistas de
comportamento” adoram analisar o perfil dos outros e arrumam uma explicação
para tudo, e segundo eles, se você cruza os braços durante a conversa significa
que você não é receptivo, se você coloca a perna esquerda cruzada sobre a
direita você é atencioso, se cruza ao contrário é teimoso, se não sabe combinar
a gravata com o terno você é burro, e assim por diante.
Assim, para evitar que analistas, jornalistas idiotas ou
outros profissionais não menos idiotas digam que você tem uma cara esquisita e
mais parece com um borracheiro, um carteiro ou um eletricista do que advogado,
faça uma coisa para o seu próprio bem, compre um terno e comece pentear o
cabelo (caso você tenha).