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quinta-feira, outubro 24, 2013

Encarando a delegacia mais uma vez

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Tem vezes que o dia dura umas 36 horas, e justo nesse dia que você está morrendo, necessitando de um banho, uma cama, e um botão para esquecer que o mundo existe, é que as coisas acontecem.

Estava lá criando coragem pra me arrumar pra ir dormir (sim, eu tenho preguiça de ir dormir) depois de um dia tenso, no horário que já estava quase acabando a novela, telefone toca: “Alô! Oi, preciso de você!”.

Ninguém liga esse horário porque precisa de ajuda pra gastar uma herança bilhardaria, tampouco, fazendo convite pra dar uma passeada em Las Vegas. As pessoas que ligam para a casa de um advogado depois das dez da noite são aquelas que certamente estão metidas em confusão.

O chamado era para que eu acompanhasse um flagrante. Ao atender ao telefone eu pensei, pensei, pensei e me perguntei por que eu não escolhi outra profissão, como manicure por exemplo. Ninguém liga pra uma manicure numa terça-feira, depois das 22 horas, desesperada do tipo “Ai descascou a minha unha, corre pra cá”. Aliás, pode até ter uma ou outra ... mas, são exceções, via de regra as pessoas de bom senso não ligam nesse horário por uma unha.

Lembrei que escolhi o direito porque eu quis, e fui correndo para a “delega”. Antes de sair dei uma conferida no vade mecum pra saber questões sobre fiança e afins, porque mesmo gostando muito de penal, por trabalhar na área cível muitas coisas básica acabam sendo esquecidas. Li, e parti pro xilindró. arma

A primeira e única vez que acompanhei um flagrante, não foi um dos momentos mais encantadores da minha vida. Me deparei com um delegado bravo, uma delegacia meio xexelenta, um preso bem encrencado, e uma família toda chorosa. Já fui me preparando para o mesmo cenário.

Dessa vez fui pra outra delegacia. Chegando lá, para minha felicidade, o clima era outro. O delegado muito simpático, assim como o investigador e o escrivão. Quando perguntei sobre a fiança, diferente da resposta “Só se tiver nariz de palhaço aqui doutora” ouvida no outro episódio, recebi um sim, um valor adequado e muita tranquilidade.

Sem truculências, com muita educação e até uma piadinha e outra sobre os fatos inusitados presenciados nos plantões policiais noturnos, sai de lá com o cliente solto, honorários garantidos, e com uma boa impressão dos policiais.

A “ ilustre doutrinadora” Rita Lee leciona que nem toda brasileira é bunda. Eu, uma mini mirim do mundo jurídico, usando a mesma forma de pensar, pontuo que nem toda delegacia é horrenda, nem todo policial é grosso, e nem toda ligação recebida por um advogado depois das dez da noite é de todo ruim.

assinaturamari

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