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sexta-feira, outubro 03, 2014

DIÁRIO DE UM CONCURSEIRO – EU NÃO SOU MALUCA

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E, se no caso dos doidos, o primeiro sintoma for a negação, como no caso dos bêbados, eu tô perdida. Já disse que esses dias passei numas fases aí de uns concursos. Coisa besta, mas tá valendo. Como o concurso ainda tem mais umas trocentas fases, antes de ir pra próxima, preciso passar pelo que chamam de fase de habilitação.

Na verdade, a tal fase de habilitação deveria se chamar “fase de teste dos limites da sanidade mental”. Explico. Passei (e ainda passo. Ou deveria) grande parte das horas do meu dia estudando, bebendo café, estudando, tomando antiácido, estudando, tomando energético... e estudando de novo. Essa provavelmente é a sua rotina também. Nada novo até aqui.

Mas aí, como sempre dá pra piorar (e eu juro que achava que não), vou juntar a papelada para me habilitar para a próxima fase, onde, falando de forma técnica, é quando a jiripoca vai piar...

Pois bem! Comecei a juntar documento de tudo que vocês consigam imaginar: certidão de antecedentes criminais, cartão de vacinação, extrato do Bolsa-Família dos últimos 3 anos, exame de AIDS, nome dos 5 professores que eu mais gostava no ensino fundamental, laudo psiquiátrico...

Depois de tanta exigência, a única coisa que faz sentido aí é o laudo psiquiátrico, porque, meu amigo, se o cara não endoidar até aí, não vai endoidar nunca mais nessa vida.

clip_image002Na verdade, eu era doida pra ir ao psiquiatra, mas como nunca tenho dinheiro, nunca tinha ido. Mas essa era a minha grande chance, já que dessa vez não tinha escolha. Como eu tenho uns contatos aí na área médica, consegui o número do celular de um psiquiatra bam bam bam. Como sou atrevida, liguei direto para o celular do cara. Perguntei o preço da consulta. Ele falou. E aí eu, instintivamente, perguntei se ele estava doido, porque por esse preço, eu já ia entrar em depressão... praguejei por advogado ser o único profissional desmoralizado que não cobra consulta e marquei a minha.

No dia da consulta, enquanto aguardava na recepção, fui pegar café... e tomei um banho. Ótimo para entrar no consultório com cara de doida. Mas eu não podia ser eu mesma, tinha que aparentar ser uma pessoa em perfeito juízo, senão o cara não me daria o laudo. Mas eu sei fingir bem. Então estava tudo dentro dos padrões (exceto pelas calças sujas de café).

Entrei, cumprimentei o doutor (com um aperto de mão firme, pra mostrar confiança), e decidi que falaria o mínimo possível, afinal, quanto menos ele soubesse sobre mim, maiores seriam as minhas chances de conseguir o laudo.

Mas vocês se lembram que eu disse que já tinha tempo que eu queria ir ao psiquiatra? Pois é. Eu tinha um motivo, e precisava aproveitar a visita. Comecei então a dizer ao médico os meus sintomas que eu já tinha pesquisado no Google. Ele nem olhava pra mim, só mexendo no computador. Aí eu me invoquei com aquela indiferença e disse a ele que nem adiantava ele ficar fazendo cara de que sabia o que eu queria... e aí ele levantou a cabeça, olhou pra mim com aquela cara de doido, e disse que não ia me receitar Ritalina.

Mas eu não podia ficar por baixo, então falei pra ele que eu tinha um amigo que era médico e que iria me dar a receita, caso eu pedisse. O psiquiatra doido me deu um carão. E foi aí que eu tive a péssima ideia de perguntar o que ele queria que eu fizesse pra poder me dar a receita. Eu vou repetir pra você entender a proporção que a situação tomou. Eu, sozinha na sala com um cara, perguntando a ele o que ele queria que eu fizesse...

Mas ainda bem que IMEDIATAMENTE eu percebi a conotação ambígua da minha frase, e emendei perguntando se eu teria que morder a mesa. E ele me disse que se eu fizesse isso, continuaria sem Ritalina e ele ainda me receitaria algo para esquizofrenia... Absurdo! Eu só fui atrás de um laudo, minha gente! Eu não sou maluca! Não sou, não sou, não sou!

assinaturajuliete

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