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sexta-feira, abril 24, 2015

DIÁRIO DE UMA DOUTORA - ESCRITÓRIO DO VINTÃO

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Um dia alguém falou que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo. Se é verdade eu não sei, mas para os pseudomoralistas que dizem que ser profissional do sexo não é ter uma profissão, sugiro dar o rabo pelo menos 3 vezes ao dia para 3 pessoas que você nunca viu na vida, recebendo muitas vezes uma miséria, sem qualquer proteção de sua vida, de sua saúde, sem ter qualquer direito trabalhista, ou previdenciário.

Para quem não sabe (eu também não sabia), os profissionais do sexo são enquadrados na Classificação Brasileira de Ocupação pelo Ministério do Trabalho e Emprego, contudo, não existe na Legislação Brasileira qualquer proteção propriamente dita a esse tipo de trabalho. Um retrocesso, já que diz a lenda que na Atenas do século VI a.C. as acompanhantes de luxo já eram regulamentadas e pagavam rios de impostos aos Estado (by Google).

Se é degradante, se a pessoa nunca poderia justificar a necessidade para se prostituir, faço uma segunda sugestão de nos olharmos no espelho e lembrarmos que nosso corpo físico é nosso, de mais ninguém. No popular: o corpo é meu e eu faço o que eu quiser.

Falei tudo isso, para mostrar que não tenho preconceito algum com a profissão, mas, que é senso comum que prostituir-se, seria entregar algo valioso em troca de pouco dinheiro, de esmola. Entendo assim, porque independente se a profissional do sexo é de luxo, nem mesmo uns 10 mil valem pela entrega de algo tão importante como nosso corpo. Friso que essa é minha opinião.

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Trazendo tudo isso para o mundo jurídico, fiquei indignada quando, após me formar, descobrir que havia colegas cobrando R$ 20,00 (vinte reais) por uma diligência. R$ 20,00 (vinte reais) para gastar 1 hora do seu dia, ou mais, para deslocar-se até o fórum, consultar um processo, realizar cópias, digitalizar, enviar por e-mail.Para realizar uma audiência de conciliação, colocar seu precioso número de ordem em um processo que nunca viu na vida e responsabilizar-se por seus atos, por R$ 40,00 (quarenta reais).

Eis aqui uma analogia. Não estamos, nós, prostituindo nossa profissão? Entregando algo extremamente valioso (nosso saber), por valores ínfimos? Vejam, nós advogados (e aqui estou considerando os novatos, porque sou uma) estudamos no mínimo 5 anos, prestamos uma prova do capeta da OAB, fizemos estágios que pagavam uma miséria (tudo em honra ao aprendizado), muitos já terminaram uma especialização (que custa o olho da cara), e cobraremos R$ 20,00 (vinte reais) por uma diligência?

Mas a culpa é de quem? Do colega que se sujeita a tal situação? Que tem contas para pagar, família para sustentar? Considerando o número de Faculdades de Direito em funcionamento no Brasil, a gente já pode ter uma ideia de quem é a culpa.

Fato é que o aviltamento dos honorários advocatícios fere a dignidade da nossa profissão. Detesto apresentar um reclamatório e deixar de sugerir soluções, mas considerando o pequeno espaço de uma coluna, deixo as sugestões para outro dia.

Apenas lutemos, irmãos, para que não nos deparemos numa esquina qualquer com o ESCRITÓRIO DO DR. VINTÃO (tipo o da Bruna Surfistinha). “Consultas a vinte reais ou seu dinheiro de volta”.

Se a prostituição é a profissão mais antiga do mundo, a advocacia é a mais ingrata.

DaianeLuz

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