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segunda-feira, agosto 20, 2012

Diário de um Dotô – Vou dar um barraco aqui!

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cadeSalve, salve pessoas medrosas e recatadas do universo jurídico, semana passada postei aqui sobre um pequeno problema que tive para devolver um processo em uma cidade vizinha, e algumas pessoas ficaram curiosas para saber qual foi o desfecho da história, e como esta é a coluna que eu mais tenho dificuldade em escrever, pois me faltam ideias, decidi seguir o conselho desse pessoal.

Pois bem, realmente não tive alternativa, senão me deslocar quase 100 quilômetros até à cidade cujo processo foi perdido, para tentar descobrir o que havia acontecido, e assim o fiz, rock and roll no carro e bora pra estrada, chegando lá expliquei quem eu era e informei novamente o que já tinha dito pelo telefone e que era basicamente: eu devolvi este processo no dia sete de agosto!

A diretora da vara dizia que os autos não estavam lá e duvidava da minha honestidade e dizia que se eu tivesse devolvido o processo, o mesmo certamente estaria lá. Eu fui ficando um tanto quanto puto, mas não tinha muito a fazer, a não ser olhar pra cara da elementa que recebeu os autos e confronta-la, mas eu não conseguia acha-la la dentro, pois ela só chegaria as 13 horas, detalhe, eram nove e quinze!

Fiquei esperando até dar o horário para a segunda leva de estagiários chegar, tomei um “sucuzinho” na padaria, comi um pão de queijo, olhava no relógio e a hora não passava, pra piorar a minha vida estava passando Ana Maria Braga! Como é que meu tempo ia passar mais rápido assistindo aquilo? É o que dizem né, quando uma coisa dá errado, ela se dá da maneira mais errada possível só pra te ferrar!

Eis que deu o horário e eu voltei lá, assim que cheguei dei de cara com a estagiária que tinha recebido o processo, falei com ela e com a diretora novamente e ela disse: realmente eu lembro dele trazendo os autos, mas não sei se é esse que a gente não acha! Nesse momento eu respirei aliviado e pensei comigo: se fodeu estagiária, você não devia ter dito isso, pois imediatamente exigi que a diretora desse baixa e fizesse constar a devolução, pois a funcionária do cartório havia acabado de confirmar que eu devolvi.

Obviamente ela disse que não, pois a estagiária disse que se lembrava de mim devolvendo um processo, mas não tinha como precisar qual era. Ocorre que o único processo em levado em carga por mim naquela vara era justamente o que tinha sumido, pedi pra ela fazer uma pesquisa e comprovaria que eu não tinha nenhum outro processo sob minha posse. ELA SE RECUSOU!

Ai meus nobres eu parti para o ataque, incisivo porém educado disse que se ela não desse baixa eu iria despachar com o juiz, isso é praticamente um barraco, já que se você gritar lá corre o risco de ser punido, então uma ameaça assim é um “barraco jurídico” e saibam vocês que cartorários se cagam de medo de juiz, principalmente quando o problema é com o funcionamento da vara. A responsável disse que não precisava e nem adiantaria, uma vez que o juiz não poderia fazer nada, pois era uma questão interna.

Ignorei completamente e fui fazer uma petição rápida explicando o acontecido, e devido a minha organização extrema, leia-se falta de higiene com o carro, os comprovantes de pedágio do dia que fiz a devolução ainda estavam lá! Juntei na petiçãozinha e voltei lá pra despachar, nem preciso dizer que fui fuzilado pelos olhares da diretora, mas ó nem me preocupei.

Ao adentrar à sala do eme eme expliquei o caso e ele foi deveras atencioso, disse que isso nem era caso de despacho, bastava utilizar o bom senso, se levantou e disse, vamos lá resolver isso. Fomos até a secretaria novamente e o meritíssimo só disse o seguinte: por favor dê a baixa deste processo pois estou satisfeito com a explicação do advogado, além  do mais, acho melhor você dar baixa no processo sem que ele junte essa petição, pois se ele juntar vai ser pior para todos vocês! Disse o juiz!

Só que o eme eme saiu e me deixou lá com a diretora e os demais servidores, nem preciso dizer que se eles pudessem, estariam me sentando o cacete de tanto ódio pela bronca tomada. Enquanto a digníssima servidora procedia a baixa do meu processo ela disse que com a minha atitude eu poderia causar a demissão da estagiária e que bastaria eu ter um pouco mais de paciência que tudo se resolveria de uma maneira tranquila, mas como eu fui impaciente demais, um estagiário iria perder o emprego.

Neste momento perdi um pouquinho a compostura e me limitei a dizer: com todo o respeito, antes ela chorar pelo emprego dela, que eu pelo meu!

Assinatura Livan

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