Uma das coisas mais fantásticas em ser juiz estadual é que você conhece muita gente. Cada uma das pessoas que já passaram pelos milhares de processos e audiências que fiz me ensinou algo.
Costumo dizer que se você não gosta de gente, não deve ser juiz estadual.
E ser juiz no interior e da vara da infância e juventude é ainda mais fantástico, pois te dá margem para conseguir ajudar efetivamente aqueles que são o futuro da nação.
Quando eu era juiz em Guariba, conheci um professor de educação física cujo nome me escapa agora. Este sujeito é um herói. Ele, sem ajuda alguma, ou com pouca ajuda da prefeitura, treinava vários garotos para o atletismo. Muitos destes garotos eram campeões estaduais em suas categorias e corriam descalços ou com material bem gasto.
Encantei-me com sua história!
Eu acredito piamente que o esporte molda o caráter das pessoas. Piamente. Joguei vôlei dos 10 aos 21 anos e aprendi muito com o vôlei.
Aprendi que você não precisa gostar do seu companheiro de equipe, mas precisa salvar a bola quando ele toma um bloqueio. Aprendi que ele, embora não goste de mim, também fará a mesma coisa pelo companheiro de equipe.
Aprendi que o todo é sempre mais importante que o indivíduo e que uma equipe coesa com talentos medianos é infinitamente superior a uma equipe dividida com talentos brilhantes.
E foi assim que comprei o projeto do professor de educação física. Fui de empresário em empresário junto com ele apresentando o projeto.
Cada atleta receberia uma bolsa (pouco dinheiro, mas muito bem vindo para uma região pobre). O papel do empresário era financiar o projeto, o do professor treinar e o meu seria de fiscalizar a presença em sala de aula junto com o Conselho Tutelar.
Durante o tempo que estive lá o projeto foi maravilhoso e rendeu muitos frutos, não em termos de medalhas, mas em formação de caráter daqueles adolescentes.
Soube, depois, que quando fui embora o projeto deixou de existir. Pena...
0 comentários:
Postar um comentário