Toda confiança na minha suposta evolução como advogada caiu por terra essa semana. Explico melhor...
Houve uma emergência aqui no escritório, e eu fui destacada para fazer uma audiência civil no lugar do meu colega. Dei uma rápida lida no processo. A matéria que estava sendo discutida não era o problema, a questão toda é que eu não sabia como me comportar, se em algum momento eu deveria gritar “PELA ORDEM EXECELÊNCIA” (eu adoraria ter que dizer isso, desde que fosse no momento certo). ![]()
Cheguei na hora combinada, conversei com a cliente, acalmei as testemunhas, pedindo que elas apenas falassem a verdade, que não criassem fatos, sob pena de serem presas e tal. Deixei todo mundo calmo, só esqueci de fazer o mesmo comigo. Meu corpo inteiro tremia. Tremia porque a fama dessa juíza era de carrasca, tremia porque eu nunca havia feito audiência civil. Tremia porque eu sou uma novata juvenil do mundo jurídico.
Quando a escrevente chamou as partes, fui lá, me apresentei como advogada da autora, e ela num gesto nobre não pediu a minha certidão. Apenas perguntou o número da OAB, perguntou se eu estava com o substabelecimento de procuração, respondi que não, ela percebendo a minha tremedeira e inexperiência, perguntou seu gostaria de pedir prazo de cinco dias para a juntada. Embora eu soubesse que deveria pedir, ela foi um anjo.
Estupidamente entrei primeiro na sala de audiência, e o que eu fiz? ME SENTEI DO LADO ERRADO! (Eu tenho um sério problema com esquerda e direita). De repente eu só ouço a juíza dizendo “Doutora, a senhora senta desse lado” . Eu juro que nessa hora eu queria morrer, ressuscitar, e morrer de novo. Puta mico!
Pronto, toda a minha credibilidade foi-se embora, juntamente, com a minha confiança. A juíza ia me massacrar. Na hora a única coisa que eu pensava EU ME F... Respirei, e sentei onde era pra sentar. A audiência prosseguiu.
Em certo momento, a testemunha fez uma colocação inoportuna, uma espécie de “você sabe com quem está falando?” A juíza rapidamente deu uma “alfinetada” marota na testemunha. Espontaneamente ri da piada/alfinetada/patada da juíza em cima da testemunha. Claro que não soltei um RÁRÁRÁ ... eu sorri apenas e olhei para ela. Acho que nessa hora a juíza simpatizou comigo. Ela até piscou pra mim. Inacreditável! A juíza com fama de destruidora carrasca foi simpática comigo, sorriu e até piscou numa espécie de “cumplicidade”.
Após ouvidas as testemunhas, restou um silêncio sepulcral. Eu não sabia se me levantava, se me despedia dos presentes com beijo no rosto e mandava lembranças à família, se procurava um saco pra eu respirar dentro e não vomitar no carpete da Eme Eme. Eu tava desesperada. A escrevente-anja me deu mais uma dica de que eu deveria aguardar. Ela foi uma fofa.
Ao sair da sala de audiência, a cliente disse “se eu ficasse lá mais 1 minuto eu infartava”. Quase gritei TAMO JUNTA NO INFARTO COLEGA. Me contive , e respondi que não era preciso, afinal, tudo havia corrido muito bem, e que eu a entendia, audiências causam nervosismo até mesmo em advogados. Mal sabe a coitada que eu tava quase desmaiando.
Lição do dia: Se você é uma besta não sabe onde se sentar, não entre primeiro na sala de audiência!
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