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quinta-feira, outubro 17, 2013

Diário de uma Doutora– Correndo perigo…

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Uns dias atrás, eu tinha uma audiência numa cidade que fica na região metropolitana de São Paulo, um pouco distante da minha cidade. Sai do escritório com tempo suficiente de chegar à audiência, porém, aquele era o dia em que Murphy quis me mostrar que quem manda é ele, e que a lei dele é o que vale.

Teve acidente na rodovia, me obrigando a ficar PARADA com o carro desligado. Fiquei ali tempo suficiente para receber várias ligações do cliente dizendo que eu ia perder a audiência. O relógio não parou, e quando liberaram a pista faltavam 30 km e eu só tinha 10 minutos.

Fui rezando, implorando e dirigindo ignorando algumas placas de velocidade. Próximo da cidade, fui ver o GPS do celular, porque eu não fazia ideia de onde ir. Para minha sorte, o aplicativo navegador havia desaparecido.

Guiei-me pelo meu péssimo senso de direção, e não consegui chegar ao lugar. Resolvi fazer um retorno, o que acabou me levando para o meio de uma favela, que eu não fazia a menor ideia de como sair.

A essa altura eu estava completamente desesperada, perdida, nervosa e tudo mais. O cliente não parava de me ligar, parecia o Burro perguntado para Shrek de minuto em minuto “você já chegou”. Eu já estava estourando até o prazo de 15 minutos que a outra parte, num gesto de gentileza e camaradagem, aceitou esperar.

Quando eu não sabia mais o que fazer, vi um rapaz na rua, e resolvi perguntar. Ele respondeu que tava longe, que eu tinha que virar a direita, a esquerda, subir, descer, etc ...

Não preciso dizer que nessa hora eu quase chorei. Eu falei pra ele “MOÇO EU NÃO VOU CONSEGUIR SAIR DAQUI, não vou chegar na audiência nunca”. Ele, se mostrando preocupado, me perguntou se eu queria que ele me levasse que ele sabia onde era. Sem pensar, sem me lembrar o quão imbecil, burra, estupida e retardada eu estava sendo, respondi que sim!

foto coluna

Andei uns 200 metros, quando o rapaz olhou para mim com uma cara estranha, e disse que não sabia onde era o lugar. Nessa hora minha ficha caiu, eu queria dar com a cabeça no vidro. Eu só me perguntava como eu pude me colocar em risco daquela forma.

Comecei acelerar o carro igual uma louca ...a primeira coisa que eu pensei (depois de me xingar de imbecil) foi bater o carro do lado dele... eu ia enfiar o carro no primeiro ônibus que visse.

De repente, uma luz (um anjo, a providência divina, ou a sorte), me mostrou uma rua estreita, ele gritou que eu não podia entrar, desobedecendo acelerei e entrei com tudo. Lá era lateral da delegacia de polícia.

Parei o carro bruscamente ao lado de uma viatura. Nisso o ser que estava no carro, abriu a porta e saiu correndo. Eu, tremendo e completamente atordoada sai correndo no sentido oposto.

Entre mortos e feridos, por sorte, salvaram-se todos. Cheguei à audiência, as partes me aguardando, deu tudo certo. Não fui violentada, assaltada nem nada, mas, senti um medo enorme de ser vítima da minha própria burrice.

Chegando em casa, ao contar a história senti vergonha. É MUITA ESTUPIDEZ para alguém que vive criticando os outros que se colocam em situações de risco. Ouvi sermões de todos os lados, e de todos os tipos.

Fica a lição de que por mais sério que seja o seu trabalho, ele não é mais importante que a minha vida, e também que por mais que eu me ache esperta, no desespero, posso fazer grandes burrices.

assinaturamari

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