Eu, “sócio majoritário” e criador do N.E.D. desde o início das minhas atividades no mundo jurídico, como um mero estagiário buscador de café e carregador de processos, sempre tive um pouco de restrição com os formalismos que o mundo do direito nos impõe. Com alguns eu me acostumei, outros ainda combato fortemente e outros eu acabei por descobrir que são necessários.
Ainda não consigo entender a obrigatoriedade de se despachar usando gravata, paletó e demais apetrechos debaixo de um sol escaldante só pra parecer advogado, também não entendo esse monte de frescura de todo mundo se tratar por doutor daqui, nobre colega dali e essas bobices que quase todo advogado adquire quando começa a trabalhar.
Apesar disso, me acostumei com o terno, a gravata apertando o pescoço,e os ataques de estrelismo de alguns juízes, mas não chamo outros advogados de “nobre colega” ou essas falsidades idiotas que servem pra inflar o ego de causídicos mequetrefes, porque advogados fodões mesmo não se importam com isso, apenas os medíocres exigem serem chamados de doutor.
Contudo, apesar de tentar de todo modo um direito mais leve e descontraído, algumas coisas não devem mudar, ou se acontecerem mudanças, que sejam sutis. A escrita, por exemplo, não acho que seja necessário que tenhamos toda aquela pompa dos anos de mil novecentos e guaraná de rolha, ou então que as petições pareçam mais um texto em latim do que em português, mas também não podemos avacalhar com tudo.
Acredito que temos que ser objetivos, tipo um snipper, sabe, aqueles atiradores de elite, que só dão um tiro, mas sempre é certeiro? Então, acho que temos que ser assim nas petições, demonstra o fato, apresenta o direito e POW, faz o pedido! Não precisa de toda aquela enrolação, aquele monte de juridiquês que não serve pra merda nenhuma, a não ser acabar com a paciência do juiz ou do estagiário que vai ler e fazer um resumo pro MM.
Mas também acho um puta de um desrespeito com o mundo jurídico você escrever numa petição que a Procuradora Federal está tão errada que parece ter cavalgado no cavalo de Pégasus, ou ainda, falar que o poder judiciário popularizou as senteças como o Mcdonalds popularizou as batatas fritas.
Acredito que existem jeitos mais sutis de mandar o juiz rever a decisão, de falar que a procuradora está equivocada, e que não ensejam nesse desrespeito todo, que por mais engraçadinho que pareça, é chato e no fim das contas não tem graça, porque né, no fundo a gente está tratando de um direito alheio, e sei lá, mas fica chato você ter o seu processo de pensão por morte divulgado em um blog de humor como o N.E.D. por conta de uma frase engraçadinha de um advogado.
Não precisa ir ao céu, nem tanto ao inferno, porque também acho um saco ler aquele “em que pese o brilhantismo e o notório saber jurídico do Ilustre Desembargador”, porque na verdade a gente quer mesmo escrever: ei, seu burro, corrige ai!!!
Use um simples: “errou o julgador ao proferir a sentença de fls. tal” e pronto, não matou ninguém e nem desrespeitou ninguém ao ponto de sua petição aparecer no N.E.D. com uma piadinha ruim embaixo.
Assim, meus caros e ilustres colegas do mundo jurídico, sejam despojados, sejam ousados, mas com respeito, porque já dizia o velho ditado que respeito é bom e conserva os dentes na boca, e no caso dos advogados, pode fazer a diferença entre um defiro ou um indefiro.
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