Essa semana foi de reflexão. Depois de uns 5 meses fazendo tudo no sufoco, andando pela corda bamba, pressionada pelos prazos, provas, e médias, eu consegui. Terminou o semestre. Meio descabelada com o que me resta de cabelos, unhas roídas, uns quilos a mais, umas olheiras a mais, umas dores de cabeça a mais, uns chiliques a mais... Marquei um trato no visual para o final dessa semana, preciso me reconstituir.
Mas o que me intriga é que enquanto eu estou vivendo nesse ‘universo paralelo’ de trabalho, concurso, estudo, família e amigos a maioria das pessoas continua com as mesmas discussões, os mesmos debates intermináveis, as mesmas futilidades... A necessidade incansável de expor sua opinião (que muitas vezes, na minha humilde opinião, perdem a chance de ficarem quietos), de dizer ao mundo o que pensa, de discutir, de contrariar, de cansar os olhos de quem lê e o ouvido de quem escuta.
Fato: é direito de todo e qualquer indivíduo manifestar o seu pensamento, opinião, atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, sem censura, como dispõe o artigo 5º da Constituição Federal. A liberdade de expressão é direito da personalidade, inalienável, irrenunciável, intransmissível e irrevogável, inerente ao princípio da dignidade humana e à democracia.
Mas na minha mente, e sou “viajona” mesmo, diga-se de passagem, eu fico imaginando aquele “etzinho” e a mulher segurando ele com a legenda: “olha uma polêmica! Me solta, preciso dizer o que eu penso”. E contrariando tudo que escrevi até agora, aqui estou eu, escrevendo o que eu penso.
Quando eu sento para escrever meus artigos eu estudo para decidir o tema. Porque o que dá ibope é o que o povo está discutindo naquele momento. E essa semana não faltaria assunto: seria o arco íris nas fotos do Facebook, a morte do Cristiano Araújo, a falta de ética dos profissionais envolvidos na morte do Cristiano Araújo, a falta de respeito das milhares de pessoas que compartilharam as imagens da morte do Cristiano Araújo, a opinião do Zeca Camargo... E eu li, reli, e pensei: ah, me respeite.
O direito existe. Mas e a educação para usufruir desse direito? Até onde vai essa necessidade de expor seus pensamentos? Até quando ela é saudável para a sua paz interior e para com os seus relacionamentos?
Desative o Facebook, Snapchat, twitter, whatsapp, kiwi, Skype e todas as redes sociais. Perceba como você vai se portar diante dos seus compromissos e diante de seus relacionamentos. Quantas pessoas perceberam que você não está mais conectado? Dessas que perceberam, quantas te procuraram? E dessas que te procuraram, quantas não ficaram desesperadamente preocupadas por você tomar essa atitude?
Desculpem-me os termos chulos, mas cada vez que eu entro nas redes sociais tem alguém dizendo uma asneira, alguém criticando essa asneira, alguém criticando quem criticou a asneira, e alguém que critica quem critica quem precisa dizer uma asneira (“cada um pensa o que quer, respeito é a palavra-chave e blablabla”). Uma chatice só. Talvez o problema não seja a falta de limites, mas a falta de educação.
E, talvez, há opiniões e ideias realmente brilhantes que não foram colocadas da melhor forma. Talvez quem seja provido de discernimento e sabedoria esteja recolhido em seus pensamentos, observando decepcionado o rumo que a liberdade de expressão tomou. Talvez quem esteja se expondo, esteja absorvendo de fora pra dentro e não de dentro pra fora...
Eu entendo que, a liberdade de expressão é preciosa em sentido “lato sensu”. Além de toda informação que ela influi à sociedade, em termos jurídicos, políticos, religiosos, culturais, entre outros, ela ajuda a constituir a nossa personalidade.
Ora, como formaríamos uma concepção acerca de um determinado assunto, não fossem as informações que chegam a nós?
Todavia, apesar de tantas informações riquíssimas que temos acesso, nós não sabemos usufrui-las. Eu sei, eu também sou assim. Acesso ao site do globo.com para me informar sobre as novidades na economia, na política, no Direito... E acabo vendo fotos da viagem da Bruna Marquezine e as fotos das roupas que a Claudia Leitte usou no The Voice. Parafraseando Gentili: uma overdose de cultura.
Minha opinião? Desapega. Lá no fundo, poucas são as pessoas que expõem sua opinião para agregar conteúdo. Não. Fazem isso pela necessidade de se expor, de ser visto, de ser lembrado... Pouco importando se essa lembrança vai ser positiva ou negativa. Você pode ser lembrado por 15 minutos ou 1 semana. Mas você não precisa disso. Talvez seu ego precise. Mas seu ego não vai te fazer ser um ser humano melhor. Cuida da tua alma, da tua essência. O resto? É só o resto.
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